1984 – Ano Porsche

Se 2009 foi o ano Yamaha, no que toca às duas rodas, em 1984 terá sido o ano Porsche nas quatro!

O ano começou da melhor maneira logo no Rali Pais Dakar, onde a marca inscreveu três Porsche 911 SC com a mecânica do 959 que a marca estava a desenvolver para participar no Campeonato do Mundo de Ralis no espectacular Grupo B. A Porsche não pretendia o confronto directo com os rivais até o 959 estar completamente desenvolvido, mas o piloto ícone da marca, Jacky Ickx, que tinha vencido a prova em 1983 com um Mercedes-Benz, conseguiu convencer a marca a testar em competição as soluções em desenvolvimento e que o Paris Dakar seria o palco ideal, pela dureza do percurso e pela ausência dos futuros rivais nos ralis, sendo os únicos carros de grupo B presentes oficialmente os Opel Manta 400 de apenas duas rodas motrizes. Havia também a equipa oficial da Mercedes, outro construtor alemão. Ickx liderou a prova durante bastante tempo mas um caricato problema eléctrico que demorou várias horas a ser resolvido e consistia num simples par de cabos “traçados” que se substituíram em meia dúzia de minutos após descoberta a falha, o que acabou por resultar na queda para o sexto lugar final e dar a vitória ao segundo Rothmans Porsche de René Metge/Dominique Lemoyne.

Nas 24 horas de Le Mans, um litígio entre a Porsche e o Automobile Club de l'Ouest, organizador da prova, levou à ausência da equipa oficial Rothmans Porsche e Jacky Ickx da prova, ficando a defesa da honra da marca de Zuffenhausen ao cargo das equipas privadas. Estas não desapontaram garantindo para a marca os sétimos primeiros lugares da classificação geral, com o melhor não Porsche a ser o Lancia Martini oficial no oitavo lugar. A vitória foi para o Porsche 956 da New Man Joest com Henri Pescarolo e Klaus Ludwig ao volante. A Porsche festejou ainda a vitória na classe IMSA GTO através de um Porsche 911SC pilotado por Raymond Touroul, Valentin Bertapelle e Thierry Perrier.

No Campeonato Mundial de Sportscars e Campeonato Mundial de Endurance a Rothmans Porsche venceu sete das onze provas, vencendo a Porsche mais três provas através de equipas privadas, falhando apenas a vitória nos 1000km de Kyalami, onde apenas se deslocou um Porsche 956 privado, venceu a Lancia Martini. Nas marcas a Porsche venceu com 120 pontos contra 57 pontos da Lancia. No Campeonato do Mundo de Endurance, destinado a pilotos venceu Stephan Bellof que repartiu a temporada entre os Porsche 956 da Rothmans Porsche oficial e o privado da Brun Motorsports na ronda de Imola onde a equipa oficial esteve ausente, sendo os pontos obtidos por essa vitória que fizeram a diferença no final da temporada para o título do alemão que, muitos dizem, estava destinado a ser o primeiro germânico campeão mundial de Formula 1 e que pereceu nos 1000km de Spa do ano seguinte ao volante precisamente de um Porsche 956.

Mas havia um “extra” reservado para a Porsche. Na Formula 1 a McLaren, cansada dos motores atmosféricos Cosworth em perda acentuada de competitvidade para os construtores entretanto chegados à Formula 1 com os motores turbo, como a Renault, BMW e Alfa Romeo sem esquecer a Ferrari que também já corria com motor turbo. A McLaren em vez de se tentar associar a um destes construtores optou por uma via diferente e muito arriscada. Com o dinheiro da TAG encomendou o novo motor turbo a quem melhor os sabia construir, a Porsche. Assim os projectistas da McLaren definiram os parâmetros do motor que mais lhe interessavam para o integrar melhor no chassis ao contrário da concorrência que tinha que projectar o chassis condicionado pelas características do motor. O resultado foi estrondoso, o MP4/2 Porsche era claramente o carro mais esquilibrado do plantel, dupla de pilotos fabulosa com Niki Lauda a sagrar-se campeão por apenas meio ponto sobre Alain Prost. Com 12 vitórias em 16 corridas a equipa conquistou também o título de construtores com 143,5 pontos contra 57,5 pontos da Ferrari.

Foi assim um ano de glória para Porsche que juntou os títulos no Paris-Dakar, 24 horas de Le Mans, Campeonato do Mundo de Sportscars e Endurance e por fim no Campeonato do Mundo de Formula 1.

3 comentários:

  1. Parabéns Pedro.

    Blog muito bom.
    Excelente trabalho e que é de muito meu agrado.

    Um abraço

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  2. Boas

    Obrigado Mota

    Infelizmente o rigor obriga a que perca bastante tempo com cada artigo, o que faz com que a frequência de novos artigos não seja muita.

    Por isso o artigo dos Auto Union está a meio há cerca de dois anos, que foi quando escrevi a primeira parte :)

    Abraço

    Pedro Correia

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  3. Ai as tendencias colega...

    Olhe as imparcialidades :D

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