Porsche 356B Abarth GTL

Sim, houve um Porsche Abarth.
O sucesso desportivo nas classes de cilindrada inferior e quase inexistente necessidade de manutenção dos Porsche 356 levaram à necessidade de aumentar a produção do modelo. Para o conseguir e baixar os respectivos custos o Porsche 356B deixou de ter carroçaria em alumínio, passando a montar uma carroçaria no mais fácil de trabalhar e barato aço, que também era bastante mais pesado. A princípio isso não causou grandes problemas na competição, entretanto entregue, em termos de esforço de equipa de fábrica às diferentes versões do 550 e do 918. Só que, com o aparecimento das classes de GT, os números de produção dos 550 e 918 não eram suficientes para homologar os modelos nesta categoria e o 356B era demasiado pesado. No entanto, dado ser usual na época haver garagistas especializados em construir carroçarias à volta de mecânicas e chassis de outros modelos, os regulamentos apenas limitavam a essas partes as cotas de produção, não sendo imposto o número de carroçarias construídas, desde que o modelo final respeitasse o peso mínimo da classe.
Assim a Porsche encomendou à Abarth a construção de uma carroçaria aligeirada para o 356B, encomendando 20 unidades com opção de mais 20 unidades. No acordo estava previsto que o design da carroçaria seria do estúdio Zagato, parceiro de Abarth, o que Carlo Abarth se esqueceu de contar é que estava a cortar os laços com a Zagato e que seria Franco Scaglione, que tinha colaborado com Bertone, a desenhar a carroçaria do 356B Abarth GTL. Uma vez concluído o desenho, Abarth entregou a construção da carroçaria à oficina de Rocco Motto. Esta fase não correu propriamente bem, começando pelo primeiro exemplar, cujos painéis de alumínio foram montados no chassis do 356 literalmente à martelada. O problema agravou-se quando Rocco Motto recebeu a primeira parcela do pagamento por parte de Carlo Abarth, pois este simplesmente desapareceu do mapa, deixando apenas as 3 primeiras carroçarias construídas, que foram entregues em Zuffenhausen em Maio de 1960, a um mês das 24 horas de Le Mans e mesmo a tempo de participar no Targa Florio no mesmo mês de Maio, que venceu à classe, com um 6º lugar à geral. A construção das restantes 17 carroçarias foi entregue à desconhecida Viarengo & Filipponi. A qualidade de construção das carroçarias, acrescida do imbróglio com desenhadores e fornecedores, desagradou sobremaneira a Porsche pois tinham infiltrações de água em quase todas as juntas dos vidros com a chapa e o espaço interior era exageradamente pequeno, pelo que não exerceu a opção de mais 20 carros, terminando o contrato após a entrega das 20 unidades iniciais.
Apesar de todos estes problemas, o que é certo é que a carroçaria era bem mais leve que a do 356B original e com um arrasto aerodinâmico muito reduzido, pelo que, equipado com um motor Boxer de 4 cilindros e 1.6l de capacidade (2.0l mais tarde, não com tanto sucesso) foi um sucesso imediato, com vitórias à classe em provas como os 1000km de Nurburgring, Targa Florio (4 vezes) e nas 24h de Le Mans, onde ganhou à classe em 1960, 1961 e 1962.
O carro pesava 780kg para um motor 1.6l boxer que debitava 115cv e permitia atingir os 220 km/h, valor impressionante para a época.

4 comentários:

  1. Engrançado...

    Mas pelos vistos um bocado furado eheh

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  2. Sim...

    Um bocado arejado, apanágio das carroçarias tipicamente italianas

    Boas corridas

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  3. Isso de misturar tecnologia alemã com alta costura italiana... Acho que nunca deu grande resultado... Ou deu?

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  4. Pelo menos neste carro deu...

    O fato arejado mas de bom corte italiano vestia bem melhor que o fato low cost original.

    Chegaram-se a tentar fazer carroçarias leves e aerodinâmicas na Alemanha mas nunca conseguiram alcançar as performances em pista desta, apesar de mais amigáveis para o uso no dia a dia.

    Os resultados falaram por si, o modelo fartou-se de ganhar provas atrás de provas à classe, até a Porsche lançar o 904.

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