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Peugeot – Depois de fazer uma prova completamente ao ataque, para humilhar a Audi no ano passado, acabando humilhada pois viu os motores dos seus carros partirem-se, este ano a táctica da Peugeot foi da regularidade. E, se as mecânicas resistiram, a do Audi sobrevivente também. Uma lebre (o carro #8) que nunca se viu a morder os calcanhares dos Audi, mandar um piloto para casa mais cedo no carro #9, para depois se constatar que os outros dois estavam exaustos nas últimas horas de prova, sem capacidade física para imprimir o ritmo que o carro permitia e para terminar as tristes figuras de Davidson com o Peugeot #7 e Sarrazin com o Peugeot #8 a bloquearem descaradamente o Audi #2 quando este se aprestava para os dobrar.
Aston Martin – Sabia-se de antemão que este projecto estava atrasado, muito atrasado e os problemas na primeira prova das Le Mans Series em Paul Ricard tinham colocado a fasquia das expectativas muito baixa. Logo nos treinos se percebeu que o Aston Martin AMR-One estava mais ao nível dos LMP2 mais lentos que dos LMP1 a gasolina, com velocidades de ponta mais baixas que alguns GTE. Os especialistas dizem que, com o regulamento actual, a opção por um motor a gasolina sobrealimentado só faz sentido no caso de uma motorização híbrida, de outro modo o motor atmosférico será muito mais competitivo, sendo que a configuração 6 em linha também não convenceu ninguém. Mas, ao fim de 15 minutos de prova, já ambos terem desistido é mau demais para uma equipa oficial. Nem para recolher informações para o desenvolvimento do carro serviu esta dispendiosa deslocação. Só se percebe a vinda à prova por obrigações para com os patrocinadores.
Alan McNish – Um candidato à vitória desistir ao fim de 50 minutos por um claro erro de cálculo, no mínimo, ao dobrar um piloto atrasado que não fez nada de errado, cerca de 1 segundo depois de ascender à liderança, parece coisa de um principiante. Mas não, foi de um dos pilotos mais experientes à partida e plurivencedor da prova. E se a diabólica rapidez de McNish é sobejamente conhecida, a sua impaciência para lidar com o tráfego também e poderia ter colocado em causa a possibilidade de vitória da Audi, basta lembrar que se tratava de um carro em que se contabilizavam 13 vitórias à geral na prova, entre Kristensen, Capello e McNish.
ASM/Zytek – Aqui o menos vai exclusivamente para a Zytek, sendo a ASM nomeada apenas por se tratar da equipa com apoio oficial. Começa a ser preocupante a falta de evolução deste modelo, mais notada ainda com a passagem à classe principal. O motor Zytek além de claramente inferior aos diesel, perde também para os motores Toyota e Judd, ficando a pobre consolação de ser mais potente que o Aston Martin. Entretanto a Zytek entregou à equipa para Le Mans um motor mais potente, ainda assim o Zytek era o mais lento dos LMP1, se excluirmos os Aston Martin e o Oreca híbrido da Hope. Se, era o menos potente, também era o menos fiável, uma vez que, ao de pouco mais de 3 horas de prova entregou a alma ao criador. O que é francamente pena, pois viu-se na LMP2 o que este carro consegue fazer com outro motor mais capaz montado. Resta esperar que a ASM esteja nos planos da possível parceria Zytek-Nissan na LMP1.
Porsche – Há vários anos que o construtor com mais vitórias na prova está arredado da luta à geral. Vontade da administração haveria para regressar este ano para tentar bater os diesel com uma motorização híbrida mas o facto é que o grupo VW tem usado o direito de veto conferido pelo peso da sua participação na Porsche para impedir a competição directa com a Audi. Mas esperava-se que, tal como nos últimos anos, fosse uma força a ter em conta nas classes GTE, o que não aconteceu, perdendo em toda a linha para Ferrari, BMW e Corvette. Em corrida a diferença atenuou-se para BMW e Ferrari, pelo maior traquejo de equipas e pilotos nas corridas de endurance, mas ainda assim não constituíram ameaça à vitória.
ACO/Comissários Desportivos/ Comissários de Pista – Depois de, mais uma vez, falharem redondamente a promessa de finalmente equilibrarem motores a gasolina e diesel e ainda pior, falharem na determinação das restrições excepcionais a aplicar aos modelos de 2010, o ACO começou a prova mal na fotografia. Mas o pior mesmo foi a passividade para com as tácticas de bloqueio dos Peugeot #7 e #8 ao Audi #2. Tratando-se de concorrentes atrasados a serem dobrados, não se percebe como em nenhum dos casos foi mostrada qualquer bandeira azul aos Peugeot, sendo que no caso do Peugeot #7 a situação manteve-se por 3 ou 4 voltas. Para cúmulo a Audi levou uma advertência por os seus pilotos “não respeitarem os limites da pista” durante as dobragens a concorrentes atrasados, enquanto o comportamento dos carros franceses foi branqueado. Curiosamente a situação oposta, em que um Audi bloqueou um Peugeot nos 1000 km de Spa deste ano, resultou numa advertência para a Audi! O conhecido chauvinismo francês no seu melhor!
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